Reconstrução da orelha

orelha de abano, correção

A orelha é um apêndice do segmento cefálico de grande importância estética. Possui uma forma externa ovalada, e uma arquitetura interna extremamente complexa. Devido a grande exposição, ela é freqüentemente acometida por tumores cutâneos como o carcinoma basocelular e mesmo o espinocelular. Também é freqüentemente acometida por malformações como a microtia e anotia, alem de amputações traumáticas e deformidades pós infecção. Estas condições muitas vezes levam a necessidade de reconstrução total da orelha.

Pequenas ressecções tumorais na borda da Hélice ou Antihelice podem ser tratadas por fechamento borda a borda. Também são muito utilizados retalhos tubulizados da região posterior de orelha transferidos em dois tempos para as deformidades limitadas à Hélice. Esta mesma região doadora pode fornecer um retalho para defeitos de face posterior ou anterior da concha, neste caso trans cartilagem auricular.

Para as deformidades congênitas mais graves como a microtia ou anotia e para as perdas maiores do pavilhão auricular como ressecções tumorais mais extensas ou perdas traumáticas, muitas vezes é necessária a reconstrução do arcabouço cartilaginoso. A estrutura da orelha é reconstruída com cartilagem costal autógena, procurando-se reproduzir os elementos anatômicos perdidos da orelha. Utiliza-se geralmente a oitava cartilagem costal para a reprodução da Hélice e na sincondrose da sexta e sétima esculpe-se a Antihélice delimitando a concha auricular. Neste momento também podemos reproduzir o tragus e antitragus.

A estrutura cartilaginosa é posicionada sob a pele na região correspondente da orelha, previamente marcada tendo como referência a posição da orelha contralateral. Após a integração do arcabouço cartilaginoso, que se dá entre três e seis meses, libera-se a porção posterior da orelha reconstruída do segmento cefálico. A área cruenta resultante entre a orelha e a região da mastóide é tratada com um enxerto de pele parcial.

Em indivíduos idosos as cartilagens costais podem se apresentar calcificadas, inadequadas para a escultura de uma neo-orelha. Nestes casos podemos lançar mão de prótese aloplásticas de silicone ou polietileno poroso para a substituição do arcabouço cartilaginoso, com a ressalva de uma probabilidade maior de extrusão a longo prazo. Uma outra alternativa a ser considerada é a utilização de próteses externas implante suportadas, com ótimo resultado estético mas com baixa aceitação em nosso meio pela população mais jovem.

A orelha externa é um elemento importante na estética facial, sua deformidade ou ausência pode ser reparada com os atuais recursos da cirurgia plástica reparadora. Se bem indicada e realizada no tempo correto, a reconstrução da orelha ou neotoplastia, apresenta excelentes resultados.